Quando oiço o cuco, sei que a Primavera está a principiar. Depois vem o Verão, quando as jovens aves fazem as suas primeiras explorações pela região de Lisboa, ainda alimentadas pelos seus progenitores. Em setembro, chegam milhares de passeriformes, entre as quais as felosas-musicais que com o grasnar de dezenas de bandos de flamingos, que no estuário do Tejo param na sua migração, nos dão as cores outonais, enquanto a águia perdigueira se prepara para namorar, anunciando o Inverno e o Natal, que vêm inundar a cidade.
Assim tenho contado os anos que passam, mas agora fui surpreendido por mais de mil pássaros de origamis, feitos por crianças, suspensos em árvores simuladas, baloiçando ao som da brisa, sem bater as asas, mas com sorrisos nos bicos. Será possível ou imaginei? Ou será mesmo uma enorme vontade de ter esperança nestes tempos tão incertos…
José Sá Fernandes
Vereador do Ambiente, Estrutura Verde, Clima e Energia da Câmara Municipal de Lisboa